terça-feira, 22 de março de 2016

Dia Mundial da Poesia

O Dia Mundial da Poesia celebra-se a 21 de março.



O Dia Mundial da Poesia foi criado na 30.ª Conferência Geral da Unesco a 16 de novembro de 1999, e visa fazer uma reflexão sobre o poder da linguagem e do desenvolvimento das habilidades criativas de cada pessoa.

Para lembrar este Dia tão relevante, que celebra a diversidade do diálogo, a livre criação de ideias através das palavras, da criatividade e da inovação, deixamos aqui uma  Mensagem de Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO:

“Shakespeare, que morreu há 400 anos, escreveu em “Sonho de uma noite de verão” que: O olho do poeta, no frenesi, o faz olhar do céu à terra, da terra ao céu. E como a imaginação corporifica as formas de coisas desconhecidas, a pena do poeta as transforma em formas e dá ao nada uma habitação e um nome .

Ao prestar homenagem aos homens e mulheres cujo único instrumento é a liberdade de expressão, que imaginam e agem, a UNESCO reconhece na poesia o seu valor como um símbolo da criatividade do espírito humano. Ao dar forma e palavras ao que não as tem – como a beleza insondável que nos rodeia, o imenso sofrimento e miséria do mundo – a poesia contribui para a expansão da nossa humanidade comum, ajudando a aumentar a sua força, sua solidariedade e sua autoconsciência.
As vozes que carregam a poesia ajudam a promover a diversidade linguística e a liberdade de expressão. Elas participam do esforço mundial para a educação artística e a disseminação da cultura. A primeira palavra de um poema, por vezes, é suficiente para recuperar a confiança em face da adversidade, para encontrar o caminho da esperança em face da barbárie. Na era da automação e do imediatismo da vida moderna, a poesia também abre um espaço para a liberdade e a aventura inerentes à dignidade humana (...). 
Hoje, eu aplaudo os profissionais, atores, contadores de histórias e todas aquelas vozes anónimas comprometidas com e por meio da poesia, realizando leituras nas sombras ou nos holofotes, em jardins ou nas ruas. Clamo a todos os Estados-membros para que apoiem este esforço poético, que tem o poder de nos unir, independentemente da origem ou da crença, pelo que é a própria essência da humanidade. (...)"
Fonte: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/

Lembramos que a  história portuguesa apresenta muitos poetas cuja obra literária é mundialmente conhecida. Luís de Camões, Fernando Pessoa, António Nobre, Florbela Espanca, José Régio, Florbela Espanca, Natália Correia, Eugénio de Andrade, Cesário Verde, Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner Andersen, são alguns dos poetas portugueses mais conhecidos.

Hoje, damos a conhecer o poeta português Ruy Belo que, apesar do curto período de atividade literária, se tornou  um dos maiores poetas portugueses da segunda metade do século XX, tendo as suas obras sido reeditadas diversas vezes.


E  TUDO  ERA  POSSÍVEL

Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido

Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido

E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer

Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer

Ruy Belo, Homem de Palavra[s]
Lisboa, Editorial Presença, 1999 (5.ª ed.)


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